<\/p>
\u00a0<\/p>
O <\/strong>come\u00e7o<\/strong><\/p> A atividade f\u00edsica sempre esteve presente na minha vida \u2014 desde o tempo de escola, pelos 12 anos. Eu sempre tive interesse por esporte e, nesta \u00e9poca, nas escolas, a pr\u00e1tica de atividade f\u00edsica somava pontos nas mat\u00e9rias. Ent\u00e3o, mais que amor, era obriga\u00e7\u00e3o, j\u00e1 eu nunca fui muito boa aluna \u2014 odiava Portugu\u00eas, e C\u00e1lculo ent\u00e3o (risos) \u2014 mas quando era aula de Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica\u2026 n\u00e3o havia resist\u00eancia em nenhuma atividade: de futebol a basquete, eu estava em todas. Meu sonho na realidade sempre foi fazer educa\u00e7\u00e3o f\u00edsica, mas n\u00e3o para dar aula em escolas, e sim em academias.<\/p> Aos 15 anos eu tive iniciei os meus contatos com a muscula\u00e7\u00e3o desde ent\u00e3o eu nunca parei, sempre aliei muscula\u00e7\u00e3o e outras atividades f\u00edsicas em todas as fases da minha vida, e sempre foi muito puxado, afinal \u00e9 dif\u00edcil conciliar atividade f\u00edsica, trabalho e estudo e etc\u2026 aos 17 anos j\u00e1 iniciei em trabalho na prefeitura da minha cidade como menor aprendiz e tive o contrato de 6 de meses, embora trabalhasse j\u00e1 desde os 12 anos \u2014 obviamente, nesta \u00e9poca n\u00e3o existia conselho tutelar, mas claro que meus trabalhos estavam longe de ser trabalhos exploradores e escravos. Tamb\u00e9m sempre fui muito vaidosa: aos 12 anos eu j\u00e1 cuidava do cabelo e comecei, atrav\u00e9s da minha tia, a produzir minhas pr\u00f3prias roupas.<\/p> \u00a0<\/p> \u00a0<\/p> DRY ALVES \u2013 <\/strong>m<\/strong>odelista e criadora dos pr\u00f3prios <\/strong>looks<\/strong><\/em><\/p> Muitos ainda n\u00e3o sabem que todos os looks<\/em> usados em eventos, treinos e compartilhados em minhas redes sociais no dia a dia sou eu mesma que fa\u00e7o, paix\u00e3o que aprendi com minha tia-av\u00f3 a quem devo muita gratid\u00e3o \u2014 isso gerou e sempre gera economia absurda na vida de uma mulher (risos).<\/p> Aos 17 anos, tive a oportunidade de iniciar minha vida no mercado de trabalho e tamb\u00e9m na faculdade, gra\u00e7as ao trabalho de seis meses como menor aprendiz em que dei o meu melhor porque, claro, vi a oportunidade que faltava para engra\u00e7ar de vez em meus objetivos, juntando o dinheiro para iniciar a faculdade mesmo sem saber como iria pagar os demais meses at\u00e9 a forma\u00e7\u00e3o acad\u00eamica, pois era a vontade que me fez iniciar a faculdade e buscar no campo onde eu estava a oportunidade de fazer uma proposta em prologar meu contrato.<\/p> Um plano bem-sucedido, \u00e9 claro: fui contratada como estagi\u00e1ria e o \u00fanico problema era que a \u00e1rea de forma\u00e7\u00e3o n\u00e3o era a \u00e1rea desejada. Com isso, iniciei Administra\u00e7\u00e3o aos 18 anos pelo fato de estar no ramo e tamb\u00e9m por entender que administrar tamb\u00e9m estava dentro dos meus objetivos e com o tempo eu poderia fazer a desejada faculdade de Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica. Tamb\u00e9m, trabalhei na prefeitura por sete anos mesmo com t\u00e9rmino da faculdade, sete anos em que sempre pratiquei atividade f\u00edsica em uma rotina louca entre treinos, trabalho e faculdade \u2014 apesar disso sentia que, em vez de me cansar a pr\u00e1tica de atividades f\u00edsicas me dava motiva\u00e7\u00e3o e disposi\u00e7\u00e3o di\u00e1ria. Formei-me em administra\u00e7\u00e3o e na mesma semana da minha formatura eu me casei tudo planejado.<\/p> Neste per\u00edodo eu trabalhei como Conselheira Tutelar por um ano antes de sair da prefeitura para trabalhar dentro da minha forma\u00e7\u00e3o no setor administrativo de uma empresa, em que tamb\u00e9m trabalhei por um ano \u2014 na minha vida, eu sempre tentei planejar, como por exemplo: planejei engravidar do meu filho com 24 anos e exatamente no m\u00eas em que eu gostaria eu fiquei gr\u00e1vida, olha que coisa doida (risos). Assim, por querer aproveitar a minha gesta\u00e7\u00e3o e chegada do meu filho, pedi demiss\u00e3o desse trabalho j\u00e1 tendo previsto e tendo uma estrutura que conseguiria me adaptar essa nova rotina. Meu filho nasceu no dia 1 de fevereiro de 2011, sem d\u00favida melhor momento da minha vida, o momento que nada superar\u00e1. Nasciam naquele momento duas vidas novas: uma nova Adriana sem medo, com muita coragem e respons\u00e1vel por outra vida fora de mim.<\/p> Fiquei um tempo sem trabalhar, por\u00e9m a rotina da independ\u00eancia financeira come\u00e7ou a me fazer muita falta e saber que eu estava em movimento executando algo al\u00e9m de ser m\u00e3e me fazer muita falta. Essa quest\u00e3o me levou novamente a voltar a \u00e1rea do mercado e desta vez, infelizmente, com os alguns atritos dentro do casamento. N\u00e3o soubemos administrar esta nova fase com dois meses de vida do meu filho, ent\u00e3o eu iniciei um trabalho de artesanal de fazer adesivos para unha em casa, e da\u00ed come\u00e7ou a minha rotina de empreendedora.<\/p> \u00a0<\/p> \u00a0<\/p> DRY ALVES \u2013 empreendedora e investidora<\/strong><\/p> Nesta \u00e9poca os adesivos artesanais de unha come\u00e7avam a ficar em alta e eu, sem saber fazer uma flor (quem dir\u00e1 uma borboleta!), virava noites e noites fazendo adesivos enquanto meu filho dormia \u2014 e, assim, acreditem: a pr\u00e1tica faz a excel\u00eancia. Comecei a fazer desenhos mais perfeitos e comecei a vender para as manicures na minha cidade e tamb\u00e9m para mulheres que come\u00e7am a comprar atrav\u00e9s da divulga\u00e7\u00e3o das redes sociais.<\/p> Gostando muito de cuidar da minha est\u00e9tica sempre usando t\u00e9cnica mega-hair \u2014 que aprendi sozinha \u2014 tive a ideia de investir esse dinheiro e direcionar ele para um curso b\u00e1sico de cabeleireiro, que hoje sou formada. Procurei uma unidade pr\u00f3xima na minha cidade e iniciei esse curso no qual eu levava os adesivos para outras alunas da \u00e1rea de manicure e ganhava dinheiro para pagar o curso de cabeleireira, manicure, depiladora, designer de sobrancelhas e de auto maquiagem. Claro que o dinheiro dos adesivos foram pontap\u00e9 inicial, mas n\u00e3o demorou muito e comecei a comprar materiais como prancha e produtos de cabelo e comecei a fazer cabelos primeiramente de familiares. Ao decorrer do tempo, os familiares foram me divulgando e as clientelas foram aumentando e houve a necessidade de ter meu espa\u00e7o, no que ent\u00e3o montei na frente da minha casa um sal\u00e3o para atender as minhas clientes com hor\u00e1rios marcados, para conseguir adaptar a rotina de m\u00e3e \u2014 pois meu filho ainda era muito pequeno. O retorno veio com certeza: tive muitas clientes, mais \u201ccomo todo b\u00f4nus tem seu \u00f4nus\u201d, infelizmente o contr\u00e1rio do que imaginava \u2014 que trabalharia por conta e teria tempo para manipular e conseguiria ter tempo para meu filho \u2014 mas meus hor\u00e1rios, as dificuldades junto com as oportunidades, fizeram com que eu deixasse ele muito cedo na escolinha e tamb\u00e9m com a minha m\u00e3e. Perdi uma boa parte da minha inf\u00e2ncia dele do crescimento pois me enfiei dentro do trabalho para fugir de alguns problemas de relacionamento e de repente eu estava trabalhando muito mais do que 12 horas de segunda a segunda, sem ter tempo para cuidar da minha autoestima, em vez disso cuidando de milhares de mulheres diariamente. Acabei me vendo usando a primeira roupa que eu pegava amanhecer tran\u00e7ado, pesando 48 kg para 1,68 m, totalmente um zumbi sendo manipulada pela situa\u00e7\u00e3o que minha vida se encontrava. Um dia tendo uma discuss\u00e3o dentro do relacionamento onde a pessoa que eu mais amava disse que eu era \u201cum lixo\u201d, esse dia foi o dia mais libertador da minha vida: eu realmente me olhei no espelho, e vi que estava cansada, extremamente magra (cerca de 48 kg), totalmente sem amor-pr\u00f3prio.<\/p> N\u00e3o era mais a Adriana vaidosa, que j\u00e1 colocava uma roupa e sentia-se bem, j\u00e1 n\u00e3o era mais eu que dominava a minha vida. Foi quando entendi que n\u00e3o tem como amar o pr\u00f3ximo se eu n\u00e3o me amasse primeiro e que eu precisava urgentemente naquele momento repaginar toda minha vida, pois a Adriana que sempre teve for\u00e7a estava morrendo aos poucos. Analisei, planejei e adaptei a minha rotina dentro da atividade f\u00edsica e voltei para academia, eu estava muito abaixo do meu peso. Conversei com Leandro Bonini (meu treinador e terapeuta de hipnoterapia) e expus para ele as dificuldades que ele estava enfrentando.<\/p> Organizei minhas rotinas e deixei um tempo livre, prometendo para mim mesma que todos os dias eu dedicaria pelo menos uma hora \u00e0 atividade f\u00edsica e assim foi. Voltei a treinar todos os dias e comecei a ver novas possibilidades, a me enxergar novamente e a ver que eu estava frente daquela situa\u00e7\u00e3o e que ela s\u00f3 poderia mudar se eu quisesse\u2026 e ap\u00f3s oito meses eu j\u00e1 tinha mudado a minha forma. Comecei a buscar conhecimentos atrav\u00e9s da alimenta\u00e7\u00e3o e me espelhar em outras pessoas, outras mulheres, e assim eu cheguei at\u00e9 o fisiculturismo. Sendo apaixonada e sempre tenho muita vontade de conhecer o Rio de Janeiro, comecei a seguir as atletas Roberta Zugiman e Andressa Pinheiro, cujos f\u00edsicos achava maravilhosos.<\/p> \u00a0<\/p> \u00a0<\/p> DRY ALVES<\/strong> \u2013 atl<\/strong>e<\/strong>ta de fisiculturismo<\/strong><\/p> Comecei a buscar conhecimentos e a entender o que era o fisiculturismo. Conversei com Leandro e decidimos investir nisso para o meu bem, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 autoestima e por um prop\u00f3sito pessoal. Comecei a treinar e alinhar alimenta\u00e7\u00f5es junto ao meu treinador e a um coach especialista em campeonatos de fisiculturismo. A rotina teve que ser totalmente adaptada tanto de treinos, alimenta\u00e7\u00f5es e tamb\u00e9m de descanso.<\/p> \u00a0<\/p> DRY ALVES<\/strong> \u2013 <\/strong>professora de ritmos<\/strong><\/p> Conciliando atendimentos no sal\u00e3o e treinos na academia, surgiu a oportunidade de fazer curso e de dar aula na academia de algo que gosto muito at\u00e9 hoje: dan\u00e7ar \u2014 o que tamb\u00e9m est\u00e1 ligado \u00e0 pr\u00e1tica de atividades f\u00edsicas. Com a vida um pouquinho mais corrida, mas conseguia conciliar minhas aulas no mesmo per\u00edodo dos treinos, treinando e, al\u00e9m de fazer um bem a mim mesma, fazer bem tamb\u00e9m a outras mulheres, buscando o equil\u00edbrio, a autoestima, e, claro, boa forma atrav\u00e9s da dan\u00e7a.<\/p> Como mencionei sempre tentei planejar minha vida e sentir necessidades de virar a p\u00e1gina, e foi quando diante da situa\u00e7\u00e3o dif\u00edcil, apesar de v\u00e1rias tentativas, resolvi me divorciar.<\/p> Como se sabe, nem todas as separa\u00e7\u00f5es s\u00e3o f\u00e1ceis e a minha n\u00e3o seria diferente. O ponto pior da minha separa\u00e7\u00e3o era me desvincular da rotina e do que hav\u00edamos constru\u00eddo juntos, material e sentimental. Separamo-nos mas continuamos morando na mesma casa durante um ano em que planejei me estabilizar. Entrei em contato com novas empresas, sendo formada em administra\u00e7\u00e3o, pois sentia necessidade de ter um sal\u00e1rio fixo e um hor\u00e1rio para que eu conseguisse organizar ainda mais a minha vida (desta vez, somente eu e meu filho). Consegui emprego novamente na prefeitura at\u00e9 mesmo por ter tido uma boa trajet\u00f3ria dentro dela e voltei para o mercado de trabalho dentro de um hor\u00e1rio aonde eu consegui a ser m\u00e3e, trabalhar e me cuidar.<\/p> \u00a0<\/p> N<\/strong>ova fase<\/strong><\/p> Em 2015, logo ap\u00f3s ter feito seis meses dentro da unidade onde trabalhava, fui promovida a um cargo melhor, e decidi que em dezembro de 2015 eu sairia da minha casa, e foi o que aconteceu.<\/p> Em outubro de 2015 recebi um convite para ser passista de uma escola de samba, Barroca da Zona Sul, para o carnaval de 2016, embora tivesse para o mesmo ano um campeonato de fisiculturismo para o qual j\u00e1 estava em prepara\u00e7\u00e3o \u2014 ou seja, aliei treinos e dieta para os dois objetivos. O campeonato era uma seletiva para o campeonato mais desejado por todos os atletas de fisiculturismo: Arnold Classic Brasil, com n\u00edvel internacional realizado em S\u00e3o Paulo.<\/p> Como planejado, no m\u00eas de dezembro tamb\u00e9m dei in\u00edcio a um novo ciclo da minha vida em que resolvi sair de casa alugando outra e deixando tudo para tr\u00e1s \u2014 inclusive uma hist\u00f3ria que acreditei que seria perfeita \u2014 um processo muito dif\u00edcil e extremamente doloroso, sair da minha casa sem nada, por vontade pr\u00f3pria e por entender que a nossa rela\u00e7\u00e3o j\u00e1 n\u00e3o fazia mais bem para ambos e que eram tr\u00eas vidas vivendo uma situa\u00e7\u00e3o em que aparentemente n\u00e3o teriam mais futuro juntas. Eu era nova (eu sou hahah), o meu ex-marido tamb\u00e9m e com grandes possibilidades de ser feliz com outra pessoa. Foi um processo muito dif\u00edcil de tirar o meu filho do conv\u00edvio onde ele estava acostumado, com a rotina dele, quarto dele entre outros fatores emocionais e iniciar uma nova fase, mas sentia que havia necessidade de n\u00e3o mais nos enganar, n\u00e3o mais nos ofender e manter um respeito e um carinho que ainda mesmo desgastado existia entre n\u00f3s. E a senha minha vida seguiu desta vez.<\/p> Fiquei bem sobrecarregada pois estava: trabalhando das 7h \u00e0s 17h de segunda a sexta, dando aula na academia; treinando, \u00e0s segundas, quartas e sextas das 7h \u00e0s 20h; e indo aos ensaios da escola de samba, \u00e0s ter\u00e7as, quintas e s\u00e1bados. Sim, foi um momento de muita loucura! eu mal tinha tempo para dormir, muitas vezes chegava de S\u00e3o Paulo de madrugada, acordava e ia trabalhar acreditando que aquilo ali era uma fase que logo passaria e eu seria a vencedora, assim como todas as fases. No dia 7 de fevereiro, o \u00fanico dia que eu tinha de folga, resolvi ir a um carnaval pr\u00f3ximo da minha cidade junto com uma amiga. Quando tudo parecia perfeito para ser um dia de divers\u00e3o com muita consci\u00eancia, \u00e0 noite, por volta de 22h10min, eu dormi ao volante e me envolvi em um acidente grav\u00edssimo colocando a minha vida e a de mais seis pessoas em risco. Colis\u00e3o frontal com um carro com cinco pessoas em uma rodovia deserta, m\u00e3o dupla.<\/p> \u00a0<\/p> \u00a0<\/p> O <\/strong>fundo do po\u00e7o<\/strong><\/p> Em um momento confuso sem saber muito aonde estava, lembro-me de olhar em um ponto de luz junto com uma fuma\u00e7a e olhar para o lado, ver minha amiga e desculpar-me, pois eu sabia que eu havia errado dormindo. A partir desse momento, eu n\u00e3o tinha no\u00e7\u00e3o de como seria os meus pr\u00f3ximos minutos\u2026 lembro vagamente de entrar no hospital, no qual soube depois de como foi desafiador para equipe de socorro, junto de Deus, salvar todas as vidas que estavam naquele momento. Uma vez que um dos carros come\u00e7ou a entrar em curto el\u00e9trico, cinco pessoas encontravam-se presas e com ferimentos graves, presos na ferragem. O carro tinha uma crian\u00e7a de nove anos e uma idosa de 85 anos que retornavam para sua casa ap\u00f3s a missa de s\u00e9timo dia de uma de suas filhas, v\u00edtima de acidente de carro.<\/p> A \u00fanica coisa que eu me lembrava era do meu filho. N\u00e3o sabia meu nome, nomes dos meus pais, eu s\u00f3 pedia o meu filho esse dia e eu fiquei durante nove dias na UTI e quando eu vim a realidade do que eu tinha feito, o sofrimento causado, aquelas pessoas que, com toda certeza, estavam na m\u00e3o de Deus, senti uma mistura de medo, arrependimento e gratid\u00e3o por ser trazida de volta pelo meu filho. Posso afirmar com toda certeza: Deus teve piedade de mim. A partir da\u00ed nascia uma nova Adriana.<\/p> Tive alta ap\u00f3s 15 dias. Todas as pessoas que estavam no carro, e machucaram-se muito tamb\u00e9m, tiveram suas vidas mudadas assim como a minha pela miseric\u00f3rdia de Deus que preservou a todas. E eu achando que o pior teria passado\u2026 mas minha caminhada pelo calv\u00e1rio tinha apenas come\u00e7ado: em pouco tempo, deixei de ser a passista do carnaval e atleta campe\u00e3. No entanto, eu voltei para ser uma melhor pessoa, melhor filha e m\u00e3e. Foram dias muito dif\u00edceis estando afastada do meu trabalho, dado que s\u00f3 poderia voltar a atividade f\u00edsica depois de 9 meses. Eu, que tinha minha vida toda direcionada \u00e0 atividade f\u00edsica, n\u00e3o poderia mais dar aula pois estava lesionada e tive traumas grandes: lesionei o cora\u00e7\u00e3o com um dos ossos quebrado, perfurei o pulm\u00e3o em dois lugares, quebrei a costela, o esterno, os dentes, e fiz uma pequena cirurgia no olho. Mesmo assim eu estava feliz por ter voltado para o meu filho e para minha fam\u00edlia.<\/p> Foi o momento em que mais me transformei nessa vida porque eu perdi muitas coisas, mas o que mais doeu perder foram as pessoas que eu acreditava que sempre estariam ao meu lado. Aos poucos eu olhei ao meu redor e s\u00f3 havia Deus, meus pais, meu irm\u00e3o e meu filho. Sim, dava para contar nos dedos quem ficou do meu lado. Nesse pior momento entrei em uma d\u00edvida financeira absurda pois nem meu carro ou o carro com que colidi tinham seguro, e naquele momento sabia que teria que arcar com todos os danos \u00e0quela fam\u00edlia, e assim fiz. Aquilo que eu acreditava que seria uma mudan\u00e7a, que seria algo bom e f\u00e1cil n\u00e3o foi. Cheguei ao extremo de fundo do po\u00e7o, tive muitos problemas psicol\u00f3gicos, muito medo de n\u00e3o conseguir e acabei por me sentir v\u00e1rias vezes fracassada, pois tinha tirado meu filho de uma vida est\u00e1vel e enfiado ele num buraco. Eu n\u00e3o entendia que forma alguma o porqu\u00ea daquilo, perguntava pra Deus por que ele estava fazendo aquilo comigo, por que eu estava passando pelo aquele momento em at\u00e9 cinco minutos antes estava tudo t\u00e3o bem e no soprar de um vento minha vida mudou daquele jeito. V\u00e1rias noites sem saber o que fazer, chorando muito a beira de uma depress\u00e3o, j\u00e1 tomando medicamentos para tentar dormir pois estava desesperada. As d\u00edvidas foram tantas que eu j\u00e1 n\u00e3o tinha mais o que dar para o meu filho comer eu n\u00e3o sabia como seria o pr\u00f3ximo dia. Eu n\u00e3o queria voltar para o meu ex-marido simplesmente pelo fato de estar na minha no meu pior momento. Muitas pessoas opinando, muitas pessoas julgando. Um dia, uma amiga me disse:<\/p> \u201cDry, n\u00e3o questione Deus! Algo ele quer te mostrar! Caminhe com ele, converse com ele e n\u00e3o <\/em>pergunte \u2018por qu\u00ea?\u2019, mas sim \u2018PARA qu\u00ea?\u2019. Ele quer que voc\u00ea caminhe com ele.\u201d<\/em><\/p> Essas palavras foram transformadoras na minha vida e entendi ent\u00e3o que essa caminhada eu teria que passar sozinha, que ningu\u00e9m poderia passar por mim, mas que Deus estaria comigo em todo momento. Chorei muito durante a noite por problemas de crise de ansiedade principalmente pelo fato de n\u00e3o estar mais dentro do esporte praticando atividade f\u00edsica. Passado um m\u00eas perdi totalmente meu f\u00edsico que era em prepara\u00e7\u00e3o para o campeonato e a minha autoestima ficou cada vez pior. Eu estava acostumada a ter um ritmo e \u00e0 rotina e os resultados que isso me trazia. Foi quando eu decidi virar o jogo e procurei o meu antigo treinador e o meu coach que me preparava para o campeonato e falei para ele da necessidade de voltar. Como j\u00e1 tinha uma bagagem de anos e entendia como meu corpo funcionava, tentei arriscar um pouco e montei um planejamento da minha vida onde eu competiria dentro de sete meses, independente do que acontecesse ou da minha situa\u00e7\u00e3o financeira. Eu sairia daquela situa\u00e7\u00e3o. Planejei durante uma semana uma estrat\u00e9gia de como buscar patrocinadores atrav\u00e9s do pior momento que da minha vida.<\/p> \u00a0<\/p><\/p>
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